Dia 28 de outubro, a IBM (NYSE:) comprou a Red Hat, empresa fortemente ligada à distribuição Fedora do Linux. Essa distribuição é open-source, com diversas adaptações feitas por uma comunidade de desenvolvedores para os produtos. Uma plataforma gráfica para o Linux, a GNOME, também é fortemente ajudada pela Red Hat. Sua fonte de receitas? Majoritariamente produtos ainda livres, mas com suporte. Com “apenas isso”, a empresa foi vendida por 34 bilhões de dólares.

Nisso há, talvez lições para o mundo crypto. No fórum BlockMaster, encontrei um dos melhores apresentadores e gestores que conheço no mundo blockchain, e ele comentou esse evento. Minha reação imediata foi basicamente reforçar meu ponto anterior de “quem transformar as criptomoedas em algo utilizável capturará parte do valor gerado por criptomoedas”. Em outras palavras, quem gerar uma wallet multifuncional ou uma maneira simples de gerar smart contracts com um número razoável de features terá sucesso em ganhar dinheiro com a descentralização da criptoeconomia. Isso não é um aplicativo convencional ou uma plataforma, é simplesmente uma maneira melhor de usar uma tecnologia aberta.

Contudo, o que são 34 bilhões no mar de valor gerado pelo software livre no mundo? A venda da Red Hat significa um marco, mas em uma matéria de recursos uma matéria de 2014 do TechCrunch sugere não tão significativa e não tão forte como modelo de negócios. A matéria pode ser lida aqui e conclui discutindo como a utilização e, eventualmente, criação de opensource para estrutura, mas com código proprietário na aplicação, captura maior valor. E, de fato, empresas que adotaram esse perfil possuem maior valor.

Vale notar um desafio: a cryptoeconomia é, por enquanto quase totalmente opensource. Seja aplicativos ou plataformas. Há possibilidades de retornos via aplicações nesse segmento? Sim, há diversos modelos de negócios baseados em suporte, propaganda, aplicações na nuvem, entre outros. Porém, até agora, não há uma Amazon (NASDAQ:), Apple (NASDAQ:) ou Microsoft (NASDAQ:) baseada puramente em open-source. Não há como esperar que as “wallets” e companhias de suporte capturem grande valor da criptoeconomia, a menos que a moeda digital seja fadada a aplicações de nicho.

Outro problema é que não há claro quanto o preço do produto open-source é comparado aos seus concorrentes de código fechado. Sem isso, não há como precificar o potencial impacto de computação descentralizada na criptoeconomia. A própria decentralização — fato novo do mercado de cryptoativos — não possui base para comparação com o software livre. Dessa maneira, não podemos afirmar que haja um paralelo claro.

Em suma, não creio que possamos extrair grandes paralelos entre o sucesso ou insucesso financeiro do open-source e o mundo das criptomoedas. Ainda há muitas peças a serem encaixadas, como, por exemplo, o real valor de se ter computação descentralizada. Comecei escrevendo esse texto com o título “Fat Wallets, Red Hat e Valor em Criptomoedas”, algo otimista. Agora, termino com uma pergunta e a resposta é “aparentemente não”.

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