Recentemente, uma concorrente do suportou um número consideravelmente maior de transações que a rede da maior capitalização de mercado. Isso por si já seria surpreendente para um ativo que não possui grande destaque, apesar de sua idade e resiliência, porém a rede suportou esse volume com taxas de transferência baixíssimas e menores mesmo que o – fork do Bitcoin que visava minimizar essas taxas. Isso pode ser visto na imagem abaixo.

Bitcoin, bitcoin cash, litecoin e dash

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Apesar de aparentemente surpreendente, o stress test do Dash não impressionou a todos. Como podemos imaginar, um stress test é uma simulação planejada e tende a ignorar algumas dinâmicas reais. Charlie Lee, criador do , bem comentou que em um stress test não há dinâmicas de preços, isto é, as ordens são iguais. Num cenário mais realista, haveria competição para concretizar as ordens mais rapidamente, o que aumentaria preços. No entanto, isso não invalida a grande capacidade de transferências que o Dash suportou. Com os planos de maiores blocos isso tende a se tornar ainda mais considerável.

Do ponto de vista de tecnologia, portanto, creio se tratar de um desenvolvimento desejável. Dessa maneira, e considerando que a tecnologia puxa valores, é algo inesperado que a moeda tenha caído seu valor em relação ao Bitcoin nos últimos dias. Apesar de sua capitalização de mercado ser considerável e do ativo ter sido um dos maiores desse segmento por algum tempo, não é arriscado dizer que a Dash é uma tecnologia que perdeu o hype e possui marca comparativamente fraca. Há analistas que tendem a achar que o Dash favorece centralização por sua estrutura de remunerar também os chamados “masternodes” e seu processo de mineração inicialmente ter sido num formato francamente favorável a acusações de scam. Isso pode ser visto no vídeo abaixo.


Nesse caso, há um problema de marca a ser resolvido. Por mais que a tecnologia avance, enquanto esse gargalo de reputação não for resolvido não creio haver espaço para forte crescimento. Além do mais, tecnologias evoluem de maneira fortemente não-linear. Não há como dissociar esse comportamento de eventuais choques que levam a diferentes resultados. A trajetória de um criptoativo não é apenas uma questão da tecnologia ser mais eficiente: ela precisa ser apenas ser suficientemente eficiente e suficientemente confiável para um nível de demanda. Por exemplo, não precisamos de um meio de pagamento com cem vezes a capacidade da Visa, precisamos de um meio de pagamento capaz de atender a demanda com fees baixas e tempo de confirmação compatível. O diferencial seria a acessibilidade, percepção de risco e outros drivers do consumidor além de qualidade e preço.

Em suma, acredito há limites para o quanto uma tecnologia seria capaz de puxar o preço. Naturalmente, se a tecnologia for a única a resolver o problema, isso muda a dimensão da sua importância. Entretanto, há tecnologias fora do mundo dos criptoativos que resolvem esses problemas. Isso põe uma reserva a entrada para os criptoativos, que devem ser eficientes, confiáveis e ter um hype maior. Com tudo isso, o desenvolvimento pontual de maior capacidade no Dash pode não ser suficiente para atrair usuários e investidores. Se esses desenvolvimentos prosseguirem – e se as demais opções como Lightning e Plasma forem falhando – teremos que o Dash poderá ter grande valor por se mostrar uma tecnologia viável. Vale notar que isso, no entanto, é longo prazo. Por agora, a tecnologia não tem grande poder de isoladamente afetar a moeda.

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